sábado, 6 de abril de 2013

Crimes em série: Arma com dois canos pode ter sido usada em mortes de seis taxistas no RS





Garrucha.22, comum na Fronteira Oeste, explicaria a
 hipótese de os projéteis terem saído de canos diferentes


Uma garrucha, tipo de revólver diminuto e que não é de repetição, pode ser a arma usada para matar seis taxistas no espaço de dois dias, no Rio Grande do Sul. Três das mortes ocorreram dia 28 entre Santana do Livramento e Rivera (Uruguai) e três dia 30, em Porto Alegre. Todas na madrugada. E todas as vítimas foram executadas com tiros na cabeça. A arma usada em todos os crimes era calibre .22.

Até este fim de semana, a suspeita de que o assassino seja o mesmo esbarrava num detalhe técnico: as balas usadas em Livramento-Rivera não saíram do mesmo cano dos projéteis usados em Porto Alegre. Quem assegura isso é o Instituto-Geral de Perícias, com base em material colhido no local dos crimes.

Na fronteira, os peritos encontraram dentro do carro de uma das vítimas uma cápsula deflagrada e uma intacta, ambas calibre .22. Em Porto Alegre foram retiradas fragmentos de projéteis desse calibre de dentro do corpo de duas vítimas e de um carro. Os testes demonstraram que a munição teria saído de canos diferentes, porque diferem as marcas deixadas no chumbo dos projéteis pelas ranhuras (sulcos da parte interna do cano, que servem para fazer a bala girar e formam uma espécie de "impressão digital" da arma).

Essa era a informação que se tinha até sexta-feira. Policiais de Porto Alegre, no entanto, acreditam ter encontrado uma ligação entre o armamento usado nas na Fronteira e na Capital. Se foi uma garrucha, ela é uma arma de dois canos, paralelos.

— O projetil coletado em Livramento pode ter saído de um dos canos. E os fragmentos de bala usados em Porto Alegre, do outro cano da arma — sintetiza um policial.

Ou seja, nada impede que a arma usada nas duas séries de crimes seja a mesma, desde que ela tenha dois canos.

Garruchas eram armas comuns, muito usadas em duelos, até o invento do revólver de repetição, no século XIX. E continuam a ser fabricadas. Ainda é possível encontrá-las nas lojas da Fronteira, quase sempre de calibre .22. As perícias indicam que a munição usada nas mortes em Livramento é argentina e pode ter sido adquirida na própria cidade. Uma indústria que ainda fabrica garruchas é a argentina Bersa.

Embora armas desse tipo não estejam mais à venda em lojas no Brasil, são comum em países fronteiriços. Na sexta-feira a Polícia Federal apreendeu 4.650 cartuchos calibre .22 numa blitz realizada em Chuí, fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. E Rivera, a cidade onde foi morto um dos taxistas, é no Uruguai.

A favor da teoria de que o matador de taxistas teria usado uma garrucha existe o fato de que os policiais encontraram apenas um cartucho solto num carro, além de outro intacto. Se fosse uma pistola automática, provavelmente seriam encontrados vários cartuchos, que saltam da arma a cada disparo. Já as garruchas são armas que precisam ser recarregadas a cada tiro (disparo simples), com exceção das de dois canos — que devem ser recarregadas, óbvio, a cada dois tiros.

— O matador teria disparado os dois tiros e retirado os cartuchos vazios manualmente, para recarregar a garrucha antes de matar novamente. É uma arma simples, para quem não tem dinheiro — resume um investigador.

Resta agora aos policiais o mais difícil: se certificar da identidade e capturar o autor da série de mortes.

by Humberto Trezzi
humberto.trezzi@zerohora.com.br

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