sábado, 2 de fevereiro de 2013

O mesmo gás de Hitler

Incêndio produziu uma fumaça tóxica com
 elementos semelhantes aos usados nas câmaras 
nazistas de extermínio. 

Seu efeito duradouro pode fazer mais vítimas
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SOCORRO
Com o corpo queimado, as vítimas também recebem ajuda para respirar
Os efeitos do fogo que atingiu a boate Kiss foram devastadores para o organismo dos jovens. Em menos de dez minutos, quem não conseguiu sair morreu por asfixia causada pelos gases tóxicos presentes na fumaça. Já os que escaparam sobreviveram carregando dentro dos pulmões sequelas quase sempre graves, sérias o bastante para que muitos fossem internados dias depois.
No incêndio, a primeira coisa a faltar dentro do organismo foi o ar. Por várias razões. A primeira delas é a intoxicação pelo monóxido de carbono, o principal gás presente na fumaça. Ele se liga à hemoglobina, a molécula do sangue que carrega o oxigênio para todas as partes do corpo. Ao fazer isso, toma o lugar do O2. A consequência é a perda gradual da consciência e a morte por asfixia cerca de dez minutos depois, dependendo da quantidade inalada.
Na tragédia de Santa Maria, no entanto, houve a produção de outro gás, tão letal quanto o monóxido: o cianeto, um subproduto da combustão do plástico, material presente no ambiente onde os músicos se apresentavam e o primeiro ponto a ser atingido pelas chamas. Trata-se do mesmo gás usado pelos nazistas em seus campos de extermínios durante a Segunda Guerra Mundial. Ele impede que as células absorvam o oxigênio e, por isso, pode levar à morte por asfixia cerca de cinco minutos depois de inalado. Mas, ao contrário do monóxido, que começa a ser eliminado do organismo cerca de quatro horas depois, o cianeto permanece no corpo, continuando a impedir a oxigenação correta das células. Por isso, há casos de vítimas que sobreviveram ao fogo, mas necessitam de auxílio para respirar, feito por meio do uso de ventilação mecânica, até que ele saia completamente do organismo. Também é possível usar uma droga, a hidroxicobalamina. “Ela se liga ao cianeto e o retira das células”, explica o pneumologista Ricardo Borges Magaldi, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo.

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A associação desse e dos outros gases tóxicos presentes na fumaça causa outro problema: uma inflamação gravíssima dos alvéolos pulmonares, as estruturas que garantem a chegada do oxigênio ao sangue. É a chamada pneumonia química, enfermidade que pode levar à morte por insuficiência respiratória. Dependendo de sua gravidade, os sintomas podem aparecer até três dias depois. Os sobreviventes são submetidos a suporte ventilatório e há casos nos quais surgem infecções oportunistas, tratadas com antibióticos. “O que se pode fazer é lutar para que o pulmão se cicatrize”, explica o médico Paulo Saldiva, chefe do Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O calor da fumaça pode queimar as estruturas das vias aéreas superiores, ocasionando uma enorme dificuldade para respirar. E a presença de partículas nessa mesma fumaça desencadeia uma intoxicação igualmente grave. Seu acúmulo nas membranas pulmonares leva à dificuldade de respiração, obrigando muitas vezes à adoção de medidas como o uso de ajuda respiratória. “Em casos de vítimas de incêndios, todo o esforço é feito para fazer com que o pulmão se recupere e o oxigênio volte a chegar a todo o corpo”, diz o médico Carlos Fontana, especialista em queimados do Centro de Referência em Trauma do Hospital 9 de Julho, em São Paulo. 
by Isto É

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